sexta-feira, 21 de junho de 2013

A bíblia do Diabo


O Codex Gigas é considerado o maior manuscrito medieval existente no mundo. Escrito no início do século XIII, presumivelmente no mosteiro beneditino de Podlažice na Boemia (atual República Tcheca), agora está preservado na Biblioteca Nacional da Suécia, em Estocolmo. É também conhecido como a Bíblia do Diabo, devido a uma grande figura no seu interior e da lenda em torno da sua criação.


Ele é constituído por 310 folhas de pergaminho, mas há indícios de algumas páginas terem sido retiradas da versão original. Não se sabe quem o fez, nem se conhecem as razões de as páginas terem sido removidas. Há quem acredite que os textos faltando continham informações sinistras demais para serem lidas, e por isso foram removidos. Além disso, durante os seus vários séculos de existência, o Codex Gigas mudou de mãos várias vezes, e até sobreviveu — com alguns danos irreparáveis — a um incêndio, o que também poderia explicar o desaparecimento de algumas se suas páginas.

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O códice pesa cerca de 75 kg, e o velino nele usado foi elaborado a partir de pele de vitelo (ou pele de bezerro, segundo algumas fontes), num total de 160 animais.

O Codex inclui toda a versão Vulgata Latina da Bíblia, exceto os livros de Atos e Apocalipse,. Estão também incluídos a enciclopédia "Etymologiae" de Isidoro de Sevilha, "Antiguidades Judaicas" e "Guerras dos Judeus" de Flávio Josefo, "Chronica Boemorum" (Crónica dos Boémios) de Cosmas de Praga e vários tratados sobre medicina. Pequenos textos completam o manuscrito: alfabetos, orações, exorcismos, um calendário com as datas de celebração de santos locais e registro de acontecimentos relevantes, e uma lista de nomes, possivelmente de benfeitores e de monges do mosteiro de Podlažice. Todo o documento está escrito em latim.

Segundo a lenda, seu escriba foi um monge que quebrou os votos monásticos e foi condenado a ser murado vivo. A fim de evitar esta severa punição, ele prometeu a criação, em uma única noite, de um livro que glorificaria o mosteiro para sempre e que incluiria todo o conhecimento humano. Perto da meia-noite, ele teve a certeza que não conseguiria concluir esta tarefa sozinho e, por isso, fez uma oração especial, não dirigida a Deus, mas ao arcanjo banido, Lúcifer, pedindo-lhe que o ajudasse a terminar o livro em troca da sua alma. O monge vendeu, assim, a sua alma ao diabo. Assim o manuscrito do monge foi concluído e acrescentada uma imagem do diabo como agradecimento pela sua ajuda.
Apesar desta lenda, o códice não foi proibido pela Inquisição e foi analisado por muitos estudiosos ao longo dos tempos.

Considerava-se por muito tempo que esta versão de condenação ao emparedamento do monge era verdadeira, devido à interpretação precipitada da palavra Inclusus, presente nos pergaminho, como sendo emparedamento. Na verdade foi reconsiderada esta tradução como sendo "recluso". Seria um monge que foi condenado, ou se condenou à reclusão no mosteiro para realizar o trabalho de uma vida. Se reforça essa versão pela "dedicatória" encontrada no final do livro: hermanus inclusus, ou "Herman, o recluso" ou "Herman, o enclausurado".Segundo os especialistas, o livro realmente parece ter sido escrito por uma única pessoa, mas em vez de ser produzido em apenas uma noite, o habilidoso escriba deve ter levado mais de 20 anos para concluir o trabalho. 


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